quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Comprar ou Alugar

Nós, Portugueses, temos esta estranha mania que devemos comprar as casas

"Ao menos estou a pagar por uma coisa que é minha!" - diz-se! Mesmo que só seja "minha" quando eu já for velha e a casa também, além de totalmente desadequada às minhas necessidades na altura.

O conceito até era interessante, se a coisa fosse assim tão linear.

Também se costuma dizer que "Quem casa, quer casa!" - então, quem casa, quer uma casa de que tamanho?!
Um T1? só para os dois? ou um T2? utilizando o outro quarto para escritório. Dentro daquilo que podem pagar na altura, afinal estão no começo da vida em conjunto...

Então e quando quiserem aumentar a família? Procuram outra casa! Pagam mais uns euros ao estado de IMT, outros tantos ao banco pelo novo empréstimo, despesas de dossier e de avaliação e lá se mudam para um T3/4, para viverem felizes para sempre... ou pelo menos durante 20/25 anos, se não tiverem nenhum percalço. Entretanto começam a pagar IMI, pagam umas taxas horrorosas ao banco, sendo que o valor que inicialmente compraram a casa fica multiplicado por 3... mas vivem numa casa que é da família... ou pelo menos será quando tiverem 70 anos!

Mas as crianças entretanto crescem, a casa fica demasiado grande, vazia, e com uma manutenção alta. Muitas pessoas nesta fase já não procuram outra, mas às vezes gostavam.

Agora digam-me lá se alugar não era mais simples? Quando casavamos alugavamos uma casa pequenina, aconchegante. Quando pensassemos em ter um filho logo pensavamos noutra com mais um quarto. Se entretanto precisassemos de mais espaço, porque tinhamos outro filho ou simplesmente porque o orçamento familiar nesta altura assim o permitia, mudavamos outra vez. E quando os filhos estivessem crescidos íamos outra vez para uma pequenina, que não desse muito trabalho.

Para já não falar do risco financeiro, se temos algum imprevisto, como por exemplo ficarmos sem emprego. Numa casa alugada podemos sempre dizer ao senhorio que temos que sair e ou procuramos uma mais em conta ou passamos uns meses em casa da mãe. Se tivermos um empréstimo ao banco, este quer lá saber se não temos dinheiro e vender uma casa leva tempo... muito tempo. Às vezes o tempo suficiente para levar à ruína uma família que perdeu um rendimento.

Pois, já devem ter percebido que eu preferia alugar. Se houvesse casas para alugar na zona onde eu moro... humf.

Bjs

5 comentários:

  1. olha nós aqui já vivemos e vivemos actualmente numa cara arrendada. Começamos a viver num T1 e depois sim comprámos uma casa T2 que arrendámos qd fomos p o Algarve.Essa casa continua arrendada e apesar de arrendada tem imensa procura. os bancos tb n estão a facilitar empréstimos


    no algarve e agora tb é arrendada. Neste momento estamos a construir uma casa nossa, projecto nosso mas isso já é diferente, uma casa totalmente ao nosso gosto. qd os filhos se forem teremos os netos, mas sabes nos dias de hoje arrendar sem dúvida.

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  2. Inês, antes de tudo, obrigada por ter respondido ao meu repto, lá no meu blogue, fiquei muito contente, com a união que se gerou.

    Relativamente às casas, quando casei há 17 anos, alugamos um apartamento e todos diziam que estávamos a pagar mais pelo aluguer do que se tivemos feito um empréstimo. E assim era, os empréstimos estavam muito razoáveis, e foi por isso que todos os portugueses se lançaram na compra de casa.
    Entretanto, esta crise, os aumento dos juros e a precariedade dos empregos estão a fazer regressar as pessoas à opção do aluguer. E será tendência para ficar, creio eu.
    No fundo, penso como a Inês, passar uma vida a pagar uma casa, não me parece bom negócio; só contribui para o enriquecimento dos bancos.
    Temos casa própria, porque em parte foi herdada, e tem um valor estimativo muito grande, para o meu marido.
    Beijinhos

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  3. Inês, estás a partir do princípio que cada casal parte do zero. Se todos alugarem, isso é verdade mas as famílias que compram, se pensares nelas como um todo, muitas vezes já têm algumas posses concretizadas em termos de imóveis. E com cada geração acumulam mais.

    Os meus pais compraram a casa onde cresci em Santarém, que por esta altura já está completamente paga. Já cá morou o meu irmão com a mulher e filhos e agora moro eu, com mulher e filha. A minha mãe, a proprietária, optou por nos ajudar não cobrando renda. Consegues imaginar situação melhor para um casal em início de vida?

    E todos os alugueres que os meus pais pagaram durante os meu tempos de faculdade (e do meu irmão), tinham sido meio caminho para termos mais uma casa nossa. Aliás, em parte eles fizeram isso pq a casa onde mora agora a minha mãe em Oeiras (compra) serviu para o meu irmão durante os últimos anos de faculdade. Perfeito. O que é importante é haver maior dinamismo e interligação entre os membros da família. Agir como um todo e não isoladamente.

    Muitos portugueses compraram casas para lá das suas possibilidades, endividando-se demais e não deixando uma folga financeira para os tempos mais difíceis mas isso é outro problema.

    Depois ainda há outras questões de perceção e conforto. Ninguém afina bem uma casa onde pensa viver só mais um par de anos. Se é temporária não vale a pena investir mto. A sensação de estar numa casa nossa é completamente diferente e a mim dá-me uma satisfação enorme (na verdade é da minha mãe mas para mim é igual), especialmente sabendo que está paga, que é verdadeiramente nossa. Transmite confiança. Esta casa é o porto seguro da família.

    Para responder diretamente à tua pergunta: alugar em situações mto instáveis (quer pessoais, quer externas), comprar qd há estabilidade previsível. Bom senso a fazer a avaliação da situação.

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  4. Rui, por acaso até não parti do principio que cada casal começa sem casa. Eu vivi numa casa que é da minha mãe até o Hugo ter 3 anos. Não pagar renda é óptimo mas a casa deixou de servir as nossas necessidades.
    O único pressuposto aqui é que a vida muda! Quando nós compramos uma casa tínhamos trabalhos estáveis e comprar pareceu-nos uma boa opção. Quando a nossa vida mudou ficámos durante 10 meses a pagar duas casas, porque não conseguimos vender logo a casa.

    Também não acho que uma casa alugada tenha que ser uma situação provisória. O meu quando se casou alugou uma casa em vez de comprar, nessa casa viveu quase 20 anos, inclusive fez obras (mudou chão, cozinha e wc).

    Claro que teres uma casa que é efectivamente tua (e não do banco) pode ser muito bom, mas não é a realidade para a maioria das pessoas.
    No tu caso tiveste sorte, mas por outro lado aconteceu com os teus pais aquilo que eu digo, pagaram uma casa que deixou de lhes servir porque a vida deles mudou, por sorte têm capacidade financeira para ir para outra sem ter de vender essa. E por sorte também, a casa serve a vocês, porque há muitas casas que acabam fechadas porque os filhos moram noutra terra...

    Conclusão, minha pelo menos, é uma questão de sorte!

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  5. Rita, nós também temos o projecto de construir, aliás temos o terreno, mas mesmo isso me assusta e com os spreds que os bancos está a praticar...

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